sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Faltas


A falta, não é duma pessoa, mas sim dum sentimento, que esse sim, se tem de reencarnar em alguém, que tenha um poder de transformação em nós, o poder de nos reter, o poder de nos fazer dar tudo dando-nos também tudo.
Basta algo parvo, uma estupidez completa, sem qualquer sentido, talvez uma brincadeira, e de repente, lembramos, "que saudades de alguém nos dizer isto", que saudades de alguém nos fazer sentir assim bem, de nos fazer sentir superiores, únicos, distintos numa vasta multidão.
Depois sentimos saudades vontade de dizer olá, de querer a sua presença, de estarem lá para os risos, para as lágrimas, para tudo e para nada.
Daquela situação em que o sentimento é mutuo, em que tudo é perfeito, que nos faz saborear cada momento da vida, que melhora cada segundo da nossa existência, mesmo a nossa vida para além daquilo melhorava, porque tudo sabe sempre melhor com um sorriso, tudo sabe melhor quando sabemos que apesar de tudo correr mal estará sempre a perfeição para abrigar.
A falta disto, não é reencarnada numa pessoa já, mas sim em ter esse sentimento, ter mesmo vontade de o começar a ter por alguém, e depois ter sorte e recebê-lo também, a falta é do sentimento, mas sempre será preciso a pessoa.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rosas


O que acontece quando começamos a ver a planta toda? Quando decidimos ir apanhar a rosa e descobrimos que tem mais espinhos que uma silva? Acontece tudo menos o que era suposto acontecer.

Queremos sempre parar de nos picarmos, nem que seja apenas agora mas queremos! E desistimos nem que seja por agora e tentamos outra rosa!

As rosas demoram a crescer, por vezes nem voltam a crescer, ou então não tão perfeitas.

E depois de lhes pegarmos nos espinhos, depois de revelada mais que a parte de cima, elas perdem a beleza, a sua perfeição.

Mas acabamos sempre por sentir a falta delas, da parte de cima, e por vezes até a de baixo, não nos cansamos de nos picar.

Quando queremos ser o jardineiro e somos outro a pisar o jardim?

Acabamos sempre por sentir falta dele.

Começamos por pensar, que até é algo bom, livres daquela responsabilidade, temos o resto do jardim para descobrir.

Mas depois descobrimos que nesse jardim não existe nada comparado á rosa, e que nunca se consegue ser o jardineiro, apenas uma criança inocente que usa o jardim como seu pátio de brincar e por vezes também se aleija nele, nos seus espinhos.

E quando queremos voltar a pegar em alguma flor que apanhamos e acabamos por não querer e está já murcha? Já não há água que a salve.

E aí vimos a descobrir que afinal o jardineiro voltou a perder uma hipótese de conseguir fazer um bom trabalho mais uma vez?

O jardineiro pensa para si mais uma vez, não há nenhuma flor perfeita, mas também, depois de tanto problema que foi tendo na sua vida para conseguir colher uma bela flor sem sucesso, nunca se sente confiante, e acaba por se deixar levar outra vez pelas aparências.

E o ciclo volta a repetir-se, pior ou melhor.

Até acontece que a flor murcha que não quer ser colhida pelo jardineiro.

É uma frustração para o jardineiro, tanto trabalho numa flor tão querida para ele e simplesmente não ser o suficiente, que não era uma planta para si.

E o jardineiro, volta a perder-se sempre nos seus pensamentos, sempre a querer as flores mais especiais que já teve a trabalhar, ás vezes sem entendendo o seu fascínio em alguns trabalhos, e por vezes chega a querer todas as flores, até mesmo as piores, principalmente as de espinhos, que por vezes são tão grandes que se notam á distância, mas o jardineiro parece não querer velos.

O mais curioso é que o jardineiro quer tanto uma bela flor que chegue ao ponto de tolerar a ideia de colher algo que ainda é uma semente, quando ainda não a consegui-o pôr pronta a colher por si, ou por vezes até por qualquer um.

Mas ás vezes, essas pequenas coisas que o jardineiro devia ignorar ou esperar, acabam por ser as suas verdadeiras rosas, que ele parece não querer de se parar de picar e picar.

Chega a um ponto em que quer tolerar tudo o que faz, e para isso decide apreciar não o seu jardim, mas as suas sementes, as suas escolhas.

E tudo o que percebe foi que como tentou colher sementes e saíram sem plantas, houve quem as plantasse e conseguisse não cometer os seus erros.

Pobre jardineiro, não sabe o que fazer ao seu jardim, ou plantas são apenas sementes, ou mais espinhos que flor, também sem aquela perfeição, ou simplesmente murcham antes de serem colhidas ou nunca cheguem a crescer como o jardineiro quer.

É péssimo, pobre Jardineiro, com o seu vaso vazio mas já com água a cair, cada vez acredita menos em si e no seu jardim, a esse jardineiro lhe desejo um milagre, apenas um milagre, tão pouco mas tanto, que ele já se perdeu no seu jardim e agora não sabe o que fazer depois de agarrar tanto espinho.

Para sempre minhas rosas, sempre iram doer.

Quero-vos.